Norberto Ortigara, secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento (Seab)
Foto Gilson Abreu/AEN

Secretário de Agricultura diz que Paraná trabalha para ampliar ILPF

Trabalhar com a agricultura de baixa emissão de carbono é compromisso, garante Ortigara

O Paraná é um dos líderes na produção de madeira no Brasil, com mais de 817 mil hectares de área de florestas plantadas, atrás apenas de Minas Gerais e São Paulo. Além disso, possui a melhor estruturação na cadeia produtiva da madeira, com um parque industrial completo que absorve praticamente toda a produção e exige mais. Também se destaca na produção de grãos, estando sempre posicionado entre os três estados com maior produção. Além disso, é principal produtor nacional de proteína animal, com uma produção de 1,5 milhão de toneladas de carne no primeiro trimestre de 2021, quase um quarto das 6,5 milhões de toneladas produzidas nos primeiros três meses em todo o Brasil. No entanto, o sistema de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), que traz benefícios e excelentes rendimentos para todos os setores envolvidos, ainda é pouco explorado no Estado.

A Secretaria de Estado de Agricultura e Abastecimento (SEAB) tem investido para mudar essa realidade. Segundo o secretário de Estado da Agricultura, Norberto Ortigara, o Sistema Estadual de Agricultura (Seagri) – que inclui o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná Iapar-Emater (IDR-Paraná), a Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) e as Centrais de Abastecimento do Paraná (Ceasa) – está trabalhando para divulgar e difundir o sistema, previsto no Plano ABC para aumento de áreas de em ILPF para redução da emissão de carbono. “O Seagri tem uma coordenação estadual responsável pelo Plano, ligada ao IDR-Paraná. Esse trabalho inclui ainda integração com a iniciativa privada e entidades representativas, como Sistema Ocepar, Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep) e a Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores Familiares do Estado do Paraná (Fetaep), para valorizar o diálogo e as ações em conjunto. Trabalhar com a agricultura de baixa emissão de carbono é um compromisso nosso, uma preocupação constante, não apenas no âmbito do Plano, mas em ações que incentivam a conservação do solo e o plantio direto, por exemplo”, explica.

De acordo com Ortigara, o ILPF melhora as condições de solo e tem se tornado uma grande estratégia econômica com bons resultados. Mas diz que ainda há um longo caminho para se tornar uma alternativa popular também para os pequenos produtores, “por questões de organização ou controle de custos, por mais que tenhamos capacitações e orientações de técnicos”. “O Seagri tem trabalhado para isso por meio da promoção de Dias de Campo, eventos, cursos, unidades demonstrativas e outras ações que buscam levar mais conhecimento sobre a integração, e avalio que estamos avançando nisso. Temos boas experiências no Noroeste e Oeste do Estado, com o consórcio do milho com a braquiária, técnica difundida pelos extensionistas que tem colaborado para a produtividade e sustentabilidade. É preciso esclarecer ainda mais os resultados conquistados com essas iniciativas.”

Sobre o setor florestal, especificamente, o secretário diz que também tem muito apoio do Seagri.  “Temos aproximadamente 120 técnicos do IDR-Paraná dedicados a apoiar o segmento, além da capacitação para integrá-lo à agricultura. O Paraná tem a mais completa cadeia de produtos florestais, utilizados em energia, serraria, laminação, papel e celulose, com plantio responsável. Segundo ele, a SEAB atua em várias frentes para apoiar o setor florestal no Paraná. Uma delas é o estímulo ao desenvolvimento industrial, inclusive com a redução de impostos, apoio à infraestrutura e estratégia de logística. 

Outra iniciativa é o incentivo ao plantio, seja para a produção de madeira ou celulose, para aproximar os agricultores da demanda das indústrias, como foi feito nas regiões de Ortigueira e Telêmaco Borba. “Além disso, em parceria com o Instituto Água e Terra (IAT), órgão vinculado à Secretaria do Desenvolvimento Sustentável e do Turismo (Sedest), orientamos os produtores quanto ao licenciamento ambiental. Esse conjunto de iniciativas está sintonizado com nosso objetivo de dar cada vez mais espaço para que a agricultura e a produção florestal sejam uma atividade integrada. Nós não queremos que os produtores sejam apenas reflorestadores, nosso objetivo é que a floresta componha o sistema produtivo”, afirma.

De acordo com Ortigara, entre as políticas públicas voltadas para o setor estão pesquisa, extensão rural, assistência técnica para promover o desenvolvimento de diferentes culturas, como a seringueira, palmito, bracatinga e erva-mate. O IDR-Paraná tem um programa específico para Cultivos Florestais (veja aqui). As pesquisas desenvolvidas pelo Instituto mostram como se pode adotar sistemas de integração lavoura-pecuária (ILP) e ILPF em solos do Arenito Caiuá, por exemplo. “Outras ações envolvem parceria com prefeituras em municípios com vocação para o setor, além de incentivar o associativismo e cooperativismo nos casos em que os produtores não têm condições de atuar diretamente com as indústrias”, explica. Além disso, os recursos do programa Coopera Paraná também colaboram para fomentar essa atividade, diz. “Apenas para citar um exemplo, um dos projetos desenvolvidos com apoio do programa no ano passado permitiu que uma cooperativa de produtores de erva-mate pudesse ampliar a exportação de seu produto, com maior valor agregado, de modo organizado e com produção diversificada”, aponta.

Ele também cita umas das linhas de financiamento do programa Banco do Agricultor que prevê benefícios em equalização de juros para produtores do setor florestal. “Esses recursos vieram para facilitar e baratear o dia a dia dos produtores rurais, principalmente daqueles pequenos que têm aspirações de crescimento. O agronegócio paranaense emprega milhares de famílias e tem margem para crescer com sustentabilidade e responsabilidade”, conclui.

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ILPF só tem vantagens, mas ainda é pouco utilizado no Brasil

Pesquisador da Embrapa Florestas diz que crescimento é lento, porém está dentro das expectativas do Plano ABC

O último Censo Agropecuário mostrou que o Brasil tem um total de 5.073.324 estabelecimentos agropecuários, que ocupam uma área total de 351,289 milhões de ha, ou seja, cerca de 41% da área total do país (851,487 milhões de ha). No entanto, estima-se que o sistema integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) seja desenvolvido em cerca de entre 15 a 17 milhões de ha, em apenas 5% do total de área das propriedades rurais. O Paraná, com 14.741.967 ha em estabelecimentos agropecuários, teria entre 0,6 e 0,7 milhão de hectares implantados com ILPF, de acordo com dados do doutor em Agronomia e pesquisador da Embrapa Florestas, Vanderley Porfírio da Silva.

Mas porque o sistema – que é excelente para o produtor, ótimo para o gado e melhor para o meio ambiente – ainda é pouco utilizado?

Segundo o pesquisador, é natural que ainda existam maiores área de lavouras e pastagens no país, já que é grande o número de produtores experientes em lavouras e em criação animal. “A tecnologia de integração da lavoura e/ou da pastagem com árvores é algo relativamente novo para a nossa cultura agropecuária. Então, de modo geral, ainda estamos aprendendo como fazer, como comercializar.  E, como toda inovação, tem um tempo de maturação. A adoção, nas diferentes regiões do país, deve avançar na medida que o conhecimento e a demonstração da viabilidade se façam presentes”, explica.

O pesquisador diz que, no entanto, a adoção da estratégia ILPF avança conforme esperado pelo Plano Setorial de Mitigação e de Adaptação às Mudanças Climáticas para a Consolidação de uma Economia de Baixa Emissão de Carbono na Agricultura (Plano ABC). Este é um dos planos setoriais elaborados de acordo com o artigo 3° do Decreto n° 7.390/2010 e tem por finalidade a organização e o planejamento das ações a serem realizadas para a adoção das tecnologias de produção sustentáveis, selecionadas com o objetivo de responder aos compromissos de redução de emissão de Gases de Efeito Estufa (GEE) no setor agropecuário assumidos pelo país. “A meta estipulada pelo Plano ABC, em 2009, era de aumentar em 4 milhões de hectares até o ano de 2020. De acordo com estimativa preliminar da Plataforma ABC, grupo multiinstitucional formado para acompanhar a redução das emissões de GEE, entre 2010 e 2015, o incremento de 5,96 milhões de hectares de ILPF foi responsável pelo sequestro de 21,8 milhões de toneladas de CO2 equivalente”, explica. Ainda não foram definidas as metas do Plano ABC + para os próximos 10 anos.

Porfírio da Silva diz que, no Paraná, com uma excelente cadeia produtiva da madeira, bem estruturada, seria caso de haver maior estímulo para que mais produtores aderissem ao

sistema. “A maior dificuldade para o produtor é tomar a decisão de investir no sistema. A decisão requer conhecimento técnico, próprio e/ou da assistência técnica que o assiste. Outro aspecto que pode dificultar a tomada de decisão é a falta de familiaridade com o negócio florestal/madeireiro. Então tem de buscar saber disso também”, diz.

Segundo ele, o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-PR), a antiga Emater, pode ajudar produtores interessados em migrar para o ILPF. “O IDR é parceiro da Embrapa em várias unidades de referência tecnológica (URTs) em silvipastoril no Paraná. Algumas dessas URTs foram implantadas ainda na década de 1990, razão que faz do Paraná o Estado com experiências mais antigas no país”, afirma.

A Embrapa tem várias publicações sobre ILPF. Uma delas é particularmente interessante e pode ser encontrada neste link.

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Mecanização traz mais competitividade às florestas plantadas brasileiras

Processos mecanizados trazem maior rendimento e otimização da mão de obra escassa

A mecanização das florestas plantadas no Brasil ainda está longe do patamar dos sistemas de colheita e baldeio existentes em outros países, o que prejudica sua competitividade no mercado internacional. Segundo levantamentos feitos pelo Instituto de Pesquisa e Estudos Florestais (IPEF), realizados bianualmente desde 2018 com empresas filiadas ao instituto – algumas das maiores empresas florestais brasileiras – o índice de mecanização atinge 51,1% das empresas, em nível cinco: conjuntos mecânicos e implementos que demandam apenas o operador sem o uso de piloto automático. Boa parte delas, 30,9%, ainda está no nível 2 com utilização de ferramentas com acionamento mecânico. Leia o último levantamento, de 2019, aqui.

O que isso representa para o setor florestal? Segundo o professor doutor Saulo Guerra, docente da Faculdade de Ciências Agronômicas da Unesp campus de Botucatu e líder científico do Programa de Mecanização e Automação Florestal (PCMAF) do IPEF, a mecanização é uma necessidade espontânea do setor florestal por vários motivos: promove redução do custo de operação, aumenta o rendimento e traz otimização da mão de obra alocada no campo. “Além disso, há a questão de conforto, da ergonomia, de redução de esforços ou de atividades repetitivas para o trabalhador. O homem que está lá na frente das operações de silvicultura precisa ter condições adequadas de trabalho”, diz.

De acordo com a apresentação do PCMAF, o aumento dos custos com mão de obra e a diminuição na sua oferta, carga tributária superior à países como China e EUA e o custo da energia elétrica no Brasil , entre outros fatores, fazem com que o país, mesmo detendo as maiores produtividades médias para os principais gêneros florestais (Eucalyptus e Pinus), não detenha mais o título de país mais competitivo e rentável do setor florestal. “De forma muito objetiva, o nível de mecanização varia em função das outras operações. Se nós pegarmos as operações de preparo do solo, 75% das áreas florestais com eucalipto são mecanizadas.  Ao passo que, na operação seguinte ao preparo, que poderia ser o plantio, 65% das áreas, hoje, tem plantio manual. Ou seja, mesmo dentro de florestas plantadas de eucaliptos existe uma grande variação das operações manual, semimecanizada, mecanizada ou automática. Cabe destacar com relação a essa informação, que hoje já existem algumas operações automáticas considerando o uso dos drones, por exemplo, para aplicação de herbicidas e até mesmo iscas formicidas”, explica.

Segundo Guerra, o que ainda inviabiliza um maior grau de mecanização na produção brasileira é o custo de aquisição. “Além do valor de investimento, que é alto, algumas máquinas exigem treinamentos especiais. O que é um problema, porque hoje existe uma escassez de mão de obra qualificada e treinada para as máquinas e equipamentos de operações florestais na silvicultura. Além disso, não existe hoje, ainda, um programa de financiamento específico para essas máquinas. O que acontece é que muitos silvicultores conseguem usar linha de financiamento para tratores agrícolas. E esses tratores depois passam a trabalhar em operações florestais”, diz.

Colheita mecanizada – O Grupo Paraná Wood, que já trabalha com mecanização em boa parte das operações florestais, está agora se preparando para mecanizar também a colheita, se equiparando às grandes empresas florestais. A Paraná Wood Florestal já adquiriu um trator de esteiras Komatsu e aguarda apenas a chegada do cabeçote hidráulico Wharatah para o corte e processamento das toras de eucalipto. A peça é importada e deve chegar do Canadá até dezembro. Segundo Douglas Mendes, gerente da PWF, o cabeçote faz a colheita do eucalipto e corta as toras em tamanhos específicos. O equipamento terá capacidade para corte de árvores de até quatro toneladas e 50 cm de diâmetro. “A máquina coleta, em dois turnos, 70 toneladas/dia”, explica. O investimento foi de R$ 1,26 milhão.

Segundo o proprietário do Grupo Paraná Wood, João Luiz Garcia de Faria, a mecanização é o principal processo para que se aumente a qualidade na colheita, o que é importante para a exportação de madeira. Segundo ele, a mecanização também permitirá que a PWF se torne apta a certificações internacionais. “Mas, além disso, você evita riscos de acidentes com o trabalhador na colheita. Diminuindo o contingente de pessoas nesta etapa, diminui os riscos e qualifica os operadores. É a evolução natural dos processos: fazer as coisas com mais segurança, mais qualidade, mais qualificação. Isso, inclusive, dá mais oportunidades aos funcionários”, aponta. De acordo com o gerente, nenhum funcionário dos 44 que trabalham hoje na empresa será dispensado. “Como a empresa vem crescendo, serão destinados para outras áreas. É uma mão de obra valiosa, treinada e altamente capacitada, não vamos perde-los”, garante. 

A empresa, que já tem um equipamento de remoção de toras atuando, quer – até o próximo ano, adquirir mais um e outro equipamento completo para colheita. Com os dois casais de máquinas, vai também prestar serviços para outros produtores da região, segundo Mendes. “E conforme formos crescendo, mais máquinas serão adquiridas”, afirma.

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Paraná ainda tem disparidades na produção de florestas, diz chefe da Embrapa

Erich Schaitza assumiu o posto em maio e quer estimular parcerias entre empresas privadas e instituição para resolver problemas comuns no plantio de florestas

O Paraná é um estado privilegiado quando se trata de florestas plantadas, segundo o chefe-geral da Embrapa Florestas, Erich Schaitza. Ele, que assumiu o posto oficialmente em maio deste ano, afirma que as florestas paranaenses crescem muito melhor que em qualquer outro ponto do Brasil. “Os maiores rendimentos, as maiores produtividades de florestas estão no Paraná”, afirma.  

A situação poderia ser ainda melhor se não fosse uma grande disparidade entre regiões produtoras dentro do Estado. “A gente tem regiões onde encontramos um profissionalismo muito grande para produzir florestas e outras onde não há toda essa capacidade técnica na produção. Isso acaba desequilibrando a produtividade”, justifica. Segundo ele, faltam pessoas capacitadas em algumas novas regiões de plantio. “E isso acontece não só em função das pessoas não serem capacitadas, mas também em função de que algumas áreas, que nunca trabalharam com florestas, tudo é mais difícil, os viveiros não são bem estruturados, o material genético não é bem identificado para cada lugar”, diz. 

Por isso, de acordo com ele, a pesquisa é essencial. “Por exemplo, nós fomos para uma região que até que não é ruim, eles são bons produtores, que é o Oeste do Paraná. E nós começamos a ver solos, diferentes materiais genéticos, e conseguimos ganhos de 10 a 15% em produtividade. E esses ganhos representam economia porque custa a mesma coisa fazer de modo errado. Então, o que que a pesquisa tem feito é tentar gerar conhecimento para que as coisas aconteçam de modo certo”, diz.

Outra dificuldade, segundo ele, são os plantadores esporádicos. O que acontece muito. “Tem quem planta floresta a cada 7 anos, a cada 8 anos, então ele acaba tendo florestas muito bacanas, mas que não são uma atividade, elas não fazem parte do dia a dia do produtor. O produtor florestal planta floresta todo ano. Planta e colhe. Com isso, estabelece um ciclo de qualidade dentro da sua própria ação, toma as medidas necessárias, faz os ajustes. Então é muito importante para o produtor florestal que ele cresça ao longo do tempo e que tenha florestas ordenadas, florestas reguladas, que elas produzam um certo tanto todo ano”, afirma.

As parcerias entre o setor privado e as instituições de pesquisa são fundamentais para que a indústria florestal possa continuar a se desenvolver de forma sólida e constante, diz Schaitza. Ele vê, na união entre esses dois polos, a solução para problemas comuns a todos os produtores de florestas do Brasil, seja no sentido de aumentar a produtividade seja para resolver problemas específicos do setor florestal. “A Embrapa Florestas, como instituição de pesquisa, não consegue trabalhar com os 8 ou 10 milhões de produtores brasileiros. Nosso orçamento vem se reduzindo ano a ano, portanto nossa capacidade de financiar projetos vem diminuindo. O que estamos fazendo é agregar, empresas e pessoas, com participação nos custos”, explica.

São através dessas parcerias com empresas que a Embrapa Florestas pode encontrar uma solução para a formiga cortadeira, por exemplo.  ”Formiga é problema para todo mundo. E o inseticida mais usado hoje, o sulfluramida, vai sair do mercado. Nós podemos desenvolver, em parceria com alguém, um projeto para fazer um substituto desse veneno para formiga. Com isso, meu parceiro que investiu nessa pesquisa, vai ganhar o direito de comercializar o produto, que pode ser até um inseticida biológico. Ele vai ganhar dinheiro, nós vamos ganhar um pouco em royalties, mas a cadeia produtiva toda de florestas vai ter vantagem”, aponta. O mesmo vale para melhorias em técnicas de plantio, uma nova plantadeira. “O parceiro investe 30%, a Embrapa outros 30% e juntos investimos outros 40% em serviços. Ela vai ser produzida pelo parceiro, mas vai atender todo mundo”, diz. 

Pequenos produtores também podem participar do processo de parcerias. No entanto, é preciso conversar antes com alguém do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR), antiga Emater. “Chega para ele e diz: tenho essa oportunidade e gostaria de pesquisar. O que que você acha? Muitas vezes não é um problema de pesquisa. Às vezes isso já está pronto, então ele como assistente técnico, vai ajudar o cara. Se ele se convencer, juntos eles ligam para nós e nós montamos um projeto. O IDR é um canal fantástico para o pequeno”, afirma.

De acordo com Schaitza, o sistema só funciona “se a gente conversar”. “Então se você tiver uma ideia e diz, poxa, e se a gente desenvolvesse um sistema de poda, nós íamos ter material genético melhor, a gente podia fazer em parceria com a Embrapa. Podemos. Se você não tem dinheiro para por nisso, a Embrapa também não tem, mas vamos discutir, é interessante? É realmente um problema tecnológico? Pode beneficiar muita gente? Vamos atrás de empresas para investir no projeto. Nosso negócio é descobrir uma forma de ir para frente”, afirma.

Segundo ele, a Embrapa Florestas está desenvolvendo vários projetos em parcerias no momento. Um deles, com nanocelulose, que é produto da indústria de celulose, para gerar pele artificial para queimadura. “Temos outro estudo com nanocelulose, encapsulada com adubo, para ver como esse adubo pode ser liberado de forma mais lenta. Um outro projeto que a gente tem, em parceria, é sobre melhoramento genético de pinus para que a gente tenha madeira melhor para serraria. Esse é desenvolvido pela gente e por um consórcio de empresas do Paraná e Santa Catarina”, conta.

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Grupo Paraná Wood busca parceiros rurais

Entre os benefícios oferecidos estão a expertise e estrutura da empresa, rendimento mínimo garantido e criação de rede de operações para o produto

O Grupo Paraná Wood (GPW) está sempre em busca de parcerias rurais, sejam na área florestal, agrícola ou pecuária. Hoje, o grupo mantém oito parcerias na região de São Jerônimo da Serra, no Norte do Paraná, mas está ampliando esse número. Segundo o diretor do GPW, João Luiz Garcia de Faria, a ideia é fazer com o setor produtivo da região cresça com maior velocidade. “Unir duas empresas em parceria dá escopo para que o pequeno produtor, principalmente àquele não tem muita estrutura no ramo florestal, e não precise começar do zero. A parceria permite a criação de uma rede de operações para produzir mais e melhor, que é o que o mundo moderno faz hoje. Você não precisa fazer de tudo. Você só precisa ser bom naquilo que você faz”, explica.

Segundo Faria, a grande vantagem é ampliar o uso da madeira e aumentar o valor agregado da matéria-prima da região. “Favorece o agricultor que tem madeira mais velha e não sabe dar vazão, o agricultor que planta pinus e não sabe para onde mandar. Na hora que ele traz uma empresa como a nossa, com expertise, estrutura e profundo conhecimento da área para trabalhar como irmã, se desenvolve em conjunto conosco”, afirma.

De acordo com Douglas Mendes, gerente da Paraná Wood Florestal e Paraná Wood Indústria Madeireira, responsável pela negociação de contratos de parcerias, há vários tipos que podem ser firmados. Entre eles estão o arrendamento de terras (40% dos resultados para o agricultor); o aluguel de terras, que  que pode ser feito por mês, ano ou ciclo da floresta (7 anos) dependendo da negociação; a colheita e comercialização de árvores; e a consultoria, onde a empresa é contratada para plantio, manutenção e colheita a ser pago com o resultado. “Todas essas opções são para produtores cujas terras fiquem num raio de 70 KM de São Jerônimo da Serra, para que a distância não encareça os custos”, explica.

Para quem não tem terras, mas quer investir em florestas, há ainda a opção de cotas de florestas. “A pessoa decide o valor que quer investir, podendo ser de 10% a 100% de uma floresta, com porcentagem equivalente de resultados”, explica Mendes. Esse tipo de parceria está liberado para pessoas do mundo inteiro e, segundo João Faria, tem um rendimento melhor que o mercado financeiro.

Em todos os tipos de parceria, o GPW faz contratos legais e garante um rendimento mínimo de 420 toneladas de madeira por hectare. Além disso, a Paraná Wood Indústria Madeireira compra toda a produção. “Em todos os casos, o parceiro tem um retorno seguro e entra no mercado de corte de madeira regularizado”, afirma Faria.

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Obter certificação FSC exige cumprimento de etapas

Pequenos podem se unir para dividir custos e documentação

Para obter a certificação FSC de manejo florestal, que traz uma série de benefícios ao produtor, é preciso cumprir algumas etapas importantes e organizar a propriedade, como foi demonstrado nesse artigo aqui. Segundo a diretora executiva do FSC Brasil, Daniela Vilela, o produtor tem que começar a pensar bem antes de contratar uma certificadora por que haverá custos diretos e indiretos, que podem impactar uma pequena propriedade. Para pequenos, com até 480 hectares de área efetiva de plantio e mil de área total (computando também áreas de preservação permanente e reserva legal), ela sugere a união com outros pequenos produtores.

“A gente tem visto, para esse grupo, que a união faz a força, com a possibilidade de certificação em conjunto. Os pequenos se unem, formam um grupo e obtém um certificado para o grupo, em vez de cada um obter um certificado. Com isso, podem particular documentos, ganham escala para uma consultoria, para se precisarem de um prestador de serviços, dividem os custos, facilitando o acesso. Isso, além de estimular o compartilhamento de conhecimentos, leva também à profissionalização de todos, uma construção coletiva muito interessante”, afirma. A FSC Brasil já certificou vários grupos, inclusive no Paraná, fornecedores da Klabin. “É claro que, neste caso, há um nível de responsabilidade muito maior porque, se um fizer bobeira, ele prejudica todos os outros. Mas gera um senso de responsabilidade muito legal porque sabe que o que o você faz está em impactando o grupo”, explica.

Custos e tempo até a certificação são variáveis, caso a caso. “Existe o custo direto, quando o produtor chama uma das quatro certificadoras autorizadas pela FSC no Brasil, que entra em campo para verificar todos os detalhes. Ela é quem vai avaliar com o produtor qual o tamanho da área, o que tem nessa área, a localização de APPs, todo o escopo da propriedade”, explica. Tudo isso afeta no custo, já que depende do tamanho da área, da quantidade de auditores necessários, o tempo gasto, se há populações indígenas e área de preservação que podem ser impactados. “Entre contratar a certificadora e a obtenção do selo, leva-se entre seis meses e um ano, com custos variáveis”, explica Daniela.

Mas o tempo e o custo diretos são os que menos impactam o processo, segundo a diretora.  O que acontece antes disso é que normalmente pesa no processo. “A não ser que seja uma propriedade muito bem organizada, já consolidada, já com todas as adequações feitas, esse produtor vai primeiro precisar, por exemplo, avaliar se os funcionários estão com todas as obrigações trabalhistas corretas, os exames médicos, como estão as questões ambientais dessa propriedade, a reserva legal, enfim, vai precisar ter todos os itens de avaliação e adequação antes da visita da certificadora. Esse período acaba sendo um pouco mais longo, porque depende de como está a propriedade e o custo disso também é proporcional. Se há um trabalho de adequação e construção ao longo dos anos, o custo vai ser menor. Mas se tem todo um trabalho a ser desenvolvido, esse custo e esse tempo vão ser maiores”, explica. Isso, segundo ela, pode desanimar um pouco. “Principalmente os pequenos, porque pode ficar muito pesado cumprir tudo logo de cara – tem muitas adequações, adaptações”.

A boa notícia é que o FSC Internacional quer mais produtores certificados e não que se assustem com os custos. Por isso, está desenvolvendo um projeto chamado Procedimento de Melhoria Contínua, que deve começar a ser implantado a partir de 2022 em todo mundo. “A norma para manejo florestal conta com 10 princípios, que são quebrados em 70 critérios e cada critério tem vários indicadores. Para obter a certificação hoje, precisa atender a tudo isso na auditoria. O que a FSC Internacional está propondo, principalmente para pequenos produtores, é uma espécie de parcelamento. Foram identificados os requisitos essenciais, a base da certificação. Aí, o produtor cumprindo esses requisitos no primeiro ano, obtém seu certificado e já pode começar a comercializar seu produto certificado. E, ao longo do ciclo, vai cumprindo os outros requisitos. Faz um plano de ação, 20% neste ano, mais 10% no outro, para reduzir a demanda financeira e proporcionar uma maturidade a esse produtor, para que ele possa ir crescendo com o processo”, explica Daniela.

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Com certificação FSC, Grupo Paraná Wood garante madeira com desenvolvimento social, ambiental e econômico

Selo reconhece a produção responsável de produtos florestais, permitindo que os consumidores e as empresas tomem decisões conscientes de compra, beneficiando as pessoas e o ambiente, bem como agregando valor aos negócios

Toda árvore que sai dos cerca de 1,5 mil hectares de florestas de eucalipto do Grupo Paraná Wood (GPW) tem certificação FSC. Isso significa que a madeira produzida pela Paraná Wood Indústria Madeireira é ambientalmente adequada, que protege e conserva áreas de proteção como matas nativas, recursos hídricos e a biodiversidade; socialmente benéfica, que respeita os direitos dos trabalhadores, da comunidade local e dos povos indígenas da região; e economicamente viável. O GPW conquistou o selo FSC há cerca de cinco anos, e, desde então, todo ano faz auditorias para se aprimorar cada vez mais no trabalho. Além disso, busca incentivar produtores da região de São Jerônimo da Serra, no norte do Paraná, a fazerem o mesmo com suas florestas.

Mas por que a certificação é tão importante? O FSC (Forest Stewardship Council) é uma organização internacional independente, sem fins lucrativos, criada para promover o manejo florestal responsável ao redor do mundo. Através de seu sistema de certificação, o selo FSC reconhece a produção responsável de produtos florestais, permitindo que os consumidores e as empresas tomem decisões conscientes de compra, beneficiando as pessoas e o ambiente, bem como agregando valor aos negócios. É uma resposta ao crescente desmatamento ilegal, em nível mundial. Para os produtores de árvores brasileiros, é ainda mais importante. Principalmente para aqueles que querem exportar ou vender para empresas exportadoras de produtos de madeira.

Segundo a diretora executiva do FSC Brasil, Daniela Vilela, embora a certificação ainda não seja obrigatória para a exportação, no sentido de constar em lei, ela é um pré-requisito. “Principalmente por toda a repercussão internacional que o Brasil tem, lá fora, com relação ao desmatamento. Por isso, a maioria dos compradores colocam sim a certificação como exigência, para que a madeira chegue lá com os pontos verificados e legal”, afirma.

Porém, segundo Daniela, os benefícios da certificação não estão limitados a quem quer exportar. O selo FSC traz vários, sendo que o primeiro é que serve de estímulo e incentivo para que os produtores adotem sempre as melhores práticas. “Esse primeiro viés é de olhar econômico, para produção, na eficiência para melhorar a produtividade. Estimula que o produtor conheça a própria floresta, o quanto ele poderá produzir, como ele pode extrair o máximo de benefícios que essa floresta possa prover aliando aí o que a floresta realmente pode ofertar, encontrando um equilíbrio entre as duas coisas. E as melhores práticas de conservação do solo, dos recursos hídricos e o equilíbrio com a biodiversidade”, diz.

Um segundo ponto benéfico é o atendimento legal, diz a diretora executiva. “Aqui, no Brasil, temos legislação muito robusta e que, muitas vezes, o produtor não está familiarizado e pode acabar sendo penalizado por esse desconhecimento, recebendo multas, por exemplo. A certificação tem como base a legislação. Com o certificado, o produtor precisa estar cumprindo a legislação. Muito raramente vai ser pego por alguma infração das legislações ambiental e trabalhista, por estar se antecipando e adequando às coisas que precisa adequar”, explica. Além disso, segundo ela, a certificação também ajuda na própria organização do produtor. “Uma vez que há uma certa burocracia para obtê-la, isso também auxilia a se organizar, a ter documentação pronta, as informações em mãos, a conhecer o que ele tem na floresta, saber qual o negócio dele, o que promove melhoria da gestão”, afirma.

E, segundo Daniela Vilela, a certificação acaba abrindo oportunidades de mercado que, por vezes, o produtor não tem. “Ele até vai ter algum mercado para madeira que não é certificada, mas existem diversas empresas que vão solicitar essa certificação, como uma garantia, como forma de evitar alguma ilegalidade, de desrespeito aos direitos trabalhistas, desmatamento ilegal, enfim qualquer tipo de desrespeito as legislações e condições sociais e ambientes”, avalia. De acordo ela, ainda não existe um preço-prêmio pela madeira certificada. “Algumas vezes acontece. Não é o usual, porém há empresas que dão bonificação no preço da madeira certificada. No entanto, isso vai muito da relação comercial entre fornecedor e comprador. Mas abertura de mercado é, sim, um benefício da certificação como um todo”, afirma.

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Investir em florestas no Paraná é um bom negócio

Estado tem a cadeia produtiva mais completa do setor e, com a exportação, consome “da ponta ao pé da árvore”

Texto e foto: Grupo Paraná Wood

Nos últimos anos, o consumo de derivados de produtos florestais vem crescendo. E quem investe em plantio de florestas está ganhando. O Paraná é um exemplo disso.  As florestas plantadas no Estado e na Região Sul do Brasil , como um todo, são multiprodutos, com destinação em diferentes ramos e nichos de mercado, que vão desde a celulose, papel, geração de energia, chapas, chapas reconstituídas, móveis, molduras, construção civil, embalagem, higiene, medicamentos, nanotecnologia, alimentação, vestuário, entre outras.

E o produtor de árvores paranaense está numa situação ainda mais confortável, segundo o presidente da Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal (Apre), Álvaro Scheffer Junior. “O Paraná tem a cadeia produtiva mais completa do Brasil. As indústrias paranaenses, voltadas em sua maioria para exportação, consomem da ponta ao pé da árvore. Assim, o produtor consegue dar destinação para seus produtos facilmente”, afirma.

Segundo Scheffer, o setor de árvores cultivadas vive um momento excepcional, “fora da curva”. Segundo ele, o momento cambial está favorável para exportações. Países estão buscando produtos derivados de madeira no Brasil e as indústrias brasileiras estão investindo, buscando novas áreas para o aumento de plantio de florestas, justamente para suprir a demanda da produção industrial. Mas reconhece que é um mercado cíclico. “Em 2018 foi um dos melhores anos para a produção de madeira. Já 2019, foi ruim. Em 2020, com a pandemia mundial, houve aumento assustador de procura por madeira”, disse.

Isso é explicado, segundo ele, pelo sistema construtivo dos Estados Unidos e Europa, que utilizam o Wood Frame (construção à base de madeira) em suas casas e alguns tipos de edifício. “Com a pandemia, esses mercados fizeram lockdown. Lá, eles têm o costume de fazer manutenção das casas sempre que podem. Ou seja, a construção civil americana e europeia veio buscar no Brasil sua matéria prima. O preço subiu muito até a base da floresta”, explica.

De olho nesse potencial, a Paraná Wood Florestal, empresa do Grupo Paraná Wood(GPW), está se preparando para entrar no mercado de construção civil. A cada área de floresta plantada em suas terras, em São Jerônimo da Serra, no norte do Estado,  a empresa vem reservando em torno de 90 do total de árvores por hectare para serem destinadas à movelaria e construção civil. “Isso significa selecionar algumas árvores e deixa-las em pé por mais tempo, cerca de 14 anos, já que esse mercado exige volume de tronco mais grosso e densidade maior”, explica o gerente da Paraná Wood Florestal, Douglas Mendes. O GPW cuida de cada floresta cultivada de forma única, com desenvolvimento de métodos próprios que fogem um pouco do tradicional. Um deles, é a divisão de cada floresta em glebas, que podem ter de 12 a 25ha. Cada gleba é observada atentamente e só são aplicados os insumos que realmente necessitam, reduzindo custos.O GPW acredita no potencial do Paraná, um dos mais competitivos do Brasil, e é um exemplo de case de sucesso em negócios ESG (sigla em inglês Environment, Social and Governance que avalia empresas de acordo com seus impactos e desempenho em três áreas: meio ambiente, social e governança corporativa). Nos últimos dois anos, a área de florestas plantadas pela Paraná Wood Florestal, teve um crescimento de 38% e soma hoje 1.460 hectares de floresta própria, com plantio, manejo e tecnologia empregados de forma personalizada em cada gleba. Com adubação, tecnologia e conhecimento, a produção de eucalipto na Paraná Wood Florestal chega 65 metros cúbicos por hectare ano. Ao final da colheita, a cada sete anos, totaliza 454.4 metros cúbicos por hectare.

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Cuidados ao começar plantação de árvores garantem lucratividade

Florestas plantadas de pinus normalmente se adaptam a qualquer tipo de solo, mas é preciso estudo do clima para escolher a melhor espécie para cada região, principalmente pensando em Eucaliptos

Começar uma plantação de árvores para fins comerciais exige certos cuidados. Florestas plantadas se adaptam em quase todos os solos – desde que devidamente corrigidos. Porém, o clima exige estudos para que a iniciativa possa render resultados. Segundo o presidente da Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal (Apre), Álvaro Scheffer Junior, florestas cultivadas são como qualquer outra cultura, com as mesmas exigências legais – observando as leis em vigor, trabalhistas e ambientais. “É preciso saber o que está fazendo, assim como quem planta soja, por exemplo”, diz.

Segundo Scheffer, o solo é uma exigência que o produtor consegue corrigir através de uma série de recursos, como adubação química, composto orgânico, micro bióticos, entre outros. “A questão do clima é mais exigente.  Porque se plantar uma espécie errada num determinado clima, corre o risco de perder todo o investimento, principalmente no eucalipto. Na região sul do Brasil, há ocorrência de geada e algumas espécies de eucalipto não são resistentes ao fenômeno climático. No caso do pinus, ele é um pouco mais resistente. No Norte do Paraná e interior de São Paulo aceitam espécies mais tropicalizadas”, explica. O estudo aprofundado da ocorrência de geadas é extremamente necessário para escolher a espécie correta para a região, diz ele.  “Essa parte a gente não tem como corrigir”, indica.

Pragas – No pinus, a principal praga é a vespa da madeira, que já tem um sistema de controle, diz Scheffer. “A partir do sexto, oitavo ano do povoamento, coloca-se algumas árvores-armadilhas e, se ocorrer a infestação, se faz o controle com nematoides produzido pela Embrapa Floresta dentro de um programa do Fundo Nacional de Controle de Pragas Florestais (Funcema). No eucalipto, há muitas mais pragas como besouro, a ferrugem. Mas são todas pragas conhecidas, com manejo e controle para cada uma. Hoje não temos nada desconhecido que possa atrapalhar a produção de madeira”, garante.

Custos – Os custos para implantação de uma floresta cultivada variam de acordo com a espécie escolhida e a destinação final que a madeira terá: celulose, papel, energia, chapas reconstruídas para o ciclo curto, que equivale a 7-8 anos no eucalipto e, em média, 14 anos para o pinus; ou madeira para construção civil, móvel, molduras – que depende de densidades diferenciadas e qualidade maior, no ciclo longo. As maiores despesas, no entanto, estão no primeiro ano. De acordo com Scheffer, um hectare de floresta (sem contar o custo de terra), com mudas de qualidade comprovada, roçada, aplicação de herbicida, atividade de plantio, entre outras, fecharia o primeiro ano, com valores gastos em torno de R$3,5 mil, R$3,7 mil por hectare para pinus; e no eucalipto, na faixa dos R$6,5 mil, por hectare, dependendo da adubação. “Nos outros anos, a variação de custos depende da região, da área que está. Se está numa área de campo, tem uma aplicação de roçada e herbicida muito menor que numa área de morro, onde infestação com pragas daninhas é maior”, explica.Se a madeira for destinada para construção civil, molduras, wood frame (sistema construtivo à base de madeira), deve ter um manejo diferenciado, incluindo podas a partir do terceiro ano e desbastes a partir do décimo ano. “Com o desbaste, deve-se tirar as árvores de menor diâmetro, abrindo espaço para as árvores remanescentes crescerem e desenvolverem melhor. O produtor deve entender que o primeiro desbaste é uma operação muito cara e que, mesmo podendo comercializar o que for tirado, não dará uma receita grande, pois a produção é baixa e os custos de colheita são relativamente altos. O produtor deve ver essa operação como uma atividade em que ele está preparando sua floresta para ter um melhor desempenho no futuro e, consequentemente, uma rentabilidade maior. Por isso, quem vai definir as intervenções dentro desse povoamento é o produto final”, conclui Scheffer.

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Sistema silvipastoril pode ajudar quem quer iniciar plantio de florestas

Consórcio de gado e floresta gera renda enquanto árvores crescem

Muitos produtores rurais pensam em investir em florestas – que tem um rendimento sólido e comercialização dos produtos garantida, principalmente na Região Sul do País-, mas não levam a ideia a frente por acreditar que é um investimento caro e que demora a dar lucro. No entanto, segundo o presidente da Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal (Apre), Álvaro Scheffer Junior, se houver um planejamento correto e integrar a produção de florestas com outras atividades, como o sistema silvipastoril, o produtor pode iniciar o plantio de florestas garantindo renda antes que o seja feito o primeiro corte de árvores.

De acordo com Scheffer, o sistema silvipastoril é extremamente interessante para quem quer iniciar o plantio de florestas. “No consórcio com gado, é possível começar a ter uma receita antes da floresta. Além de benefícios ambientais, para o gado e de economia no próprio ciclo da floresta. Quando se coloca o gado, não se aplica o herbicida, não há a matocompetição (causada pelas gramíneas invasoras nas lavouras de floresta plantadas), o que gera menos custos de manejo e mantém renda extra. Isso vale para pequenos e grandes produtores, temos várias associadas, grandes empresas, que trabalham com silvipastoril”, aponta.

De qualquer forma, o produtor que deseja iniciar a atividade em suas terras vai precisar de uma dose de paciência já que o cultivo de florestas é uma cultura de ciclo longo comparada à agricultura. “Uma floresta de ciclo curto de eucaliptos leva de sete a oito anos para dar lucro. No pinus de ciclo curto, a média é 14 anos. Pinus de ciclo longo são, em média, 26 anos”, explica o presidente. “Se vai começar do zero, não pode querer que, no primeiro ano, essa floresta dê retorno financeiro. No início, é preciso ter um fluxo de caixa para poder esperar esse tempo para ter o retorno, mas a espera compensa”, afirma.

Segundo Scheffer, o produtor que está começando deve se planejar para que a floresta gere renda ad aeternum,  fazendo plantio todos os anos. “É melhor começar plantando em uma área um pouco menor e, no ano seguinte, plantar outra área. E assim vai. Porque, depois, todos os anos terá colheita. Ele vai estar realizando uma parte dessa floresta e vai ter retorno”, diz.  As empresas florestais, segundo ele, têm a visão de montar um ciclo para 60 a 70 anos no futuro. “A floresta é uma engrenagem, uma atividade cíclica. E quando engrenar, todo ano vai ter área para colher e replantar. Daí a atividade vai andar praticamente sozinha”, garante.