Pesquisador da Embrapa Florestas diz que crescimento é lento, porém está dentro das expectativas do Plano ABC
O último Censo Agropecuário mostrou que o Brasil tem um total de 5.073.324 estabelecimentos agropecuários, que ocupam uma área total de 351,289 milhões de ha, ou seja, cerca de 41% da área total do país (851,487 milhões de ha). No entanto, estima-se que o sistema integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) seja desenvolvido em cerca de entre 15 a 17 milhões de ha, em apenas 5% do total de área das propriedades rurais. O Paraná, com 14.741.967 ha em estabelecimentos agropecuários, teria entre 0,6 e 0,7 milhão de hectares implantados com ILPF, de acordo com dados do doutor em Agronomia e pesquisador da Embrapa Florestas, Vanderley Porfírio da Silva.
Mas porque o sistema – que é excelente para o produtor, ótimo para o gado e melhor para o meio ambiente – ainda é pouco utilizado?
Segundo o pesquisador, é natural que ainda existam maiores área de lavouras e pastagens no país, já que é grande o número de produtores experientes em lavouras e em criação animal. “A tecnologia de integração da lavoura e/ou da pastagem com árvores é algo relativamente novo para a nossa cultura agropecuária. Então, de modo geral, ainda estamos aprendendo como fazer, como comercializar. E, como toda inovação, tem um tempo de maturação. A adoção, nas diferentes regiões do país, deve avançar na medida que o conhecimento e a demonstração da viabilidade se façam presentes”, explica.
O pesquisador diz que, no entanto, a adoção da estratégia ILPF avança conforme esperado pelo Plano Setorial de Mitigação e de Adaptação às Mudanças Climáticas para a Consolidação de uma Economia de Baixa Emissão de Carbono na Agricultura (Plano ABC). Este é um dos planos setoriais elaborados de acordo com o artigo 3° do Decreto n° 7.390/2010 e tem por finalidade a organização e o planejamento das ações a serem realizadas para a adoção das tecnologias de produção sustentáveis, selecionadas com o objetivo de responder aos compromissos de redução de emissão de Gases de Efeito Estufa (GEE) no setor agropecuário assumidos pelo país. “A meta estipulada pelo Plano ABC, em 2009, era de aumentar em 4 milhões de hectares até o ano de 2020. De acordo com estimativa preliminar da Plataforma ABC, grupo multiinstitucional formado para acompanhar a redução das emissões de GEE, entre 2010 e 2015, o incremento de 5,96 milhões de hectares de ILPF foi responsável pelo sequestro de 21,8 milhões de toneladas de CO2 equivalente”, explica. Ainda não foram definidas as metas do Plano ABC + para os próximos 10 anos.
Porfírio da Silva diz que, no Paraná, com uma excelente cadeia produtiva da madeira, bem estruturada, seria caso de haver maior estímulo para que mais produtores aderissem ao
sistema. “A maior dificuldade para o produtor é tomar a decisão de investir no sistema. A decisão requer conhecimento técnico, próprio e/ou da assistência técnica que o assiste. Outro aspecto que pode dificultar a tomada de decisão é a falta de familiaridade com o negócio florestal/madeireiro. Então tem de buscar saber disso também”, diz.
Segundo ele, o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-PR), a antiga Emater, pode ajudar produtores interessados em migrar para o ILPF. “O IDR é parceiro da Embrapa em várias unidades de referência tecnológica (URTs) em silvipastoril no Paraná. Algumas dessas URTs foram implantadas ainda na década de 1990, razão que faz do Paraná o Estado com experiências mais antigas no país”, afirma.
A Embrapa tem várias publicações sobre ILPF. Uma delas é particularmente interessante e pode ser encontrada neste link.