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Cavaco e biomassa ajudam a combater mudanças climáticas

Indústrias precisam mudar na matriz energética urgentemente para que fenômenos extremos não sejam cada vez mais comuns

O último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), divulgado no dia 28 de fevereiro de 2022, traz um alerta sério: a saúde, a vida e os meios de subsistência das pessoas, bem como a propriedade e a infraestrutura crítica, incluindo sistemas de energia e transporte, estão sendo cada vez mais adversamente afetados por riscos causadas por fenômenos extremos como ondas de calor, tempestades violentas, secas e inundações. A maioria desses fenômenos está ligada à ação do homem e a emissão de gases de efeito estufa (GEE). O IPCC é o grupo de cientistas estabelecido pela Organização das Nações Unidas para monitorar e assessorar toda a ciência global relacionada às mudanças climáticas.

O Brasil já sofre os efeitos, como mostraram as chuvas violentas que causaram mortes e destruição na Bahia, Minas Gerais, São Paulo e em Petrópolis, no Rio de Janeiro, recentemente. A seca que atingiu o Paraná e prejudicou a safra de grãos em mais de 40%, segundo levantamento dos técnicos do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento, é um outro exemplo.

Sociedade, empresas e governos precisam se unir e buscar soluções para substituir urgentemente o uso de combustíveis fósseis – petróleo, gás natural e carvão mineral – , os maiores emissores de GEE, para geração de energia e transporte.  As energias renováveis e limpas devem ser prioridade, principalmente no caso das indústrias, já que elas trazem uma série de benefícios como a redução na concentração de GEE, que “abafam” a atmosfera como um cobertor, elevando as temperaturas.

 A biomassa surge, neste contexto, como uma opção altamente viável para substituir os combustíveis fósseis, principalmente para siderúrgicas, indústrias, granjas ou propriedades rurais. Biomassa é toda matéria orgânica, que pode ser utilizada na produção de energia. O cavaco de eucalipto, por exemplo, é um tipo de biomassa que agride menos o ambiente, já que é produto derivado de madeiras de reflorestamento não utilizadas pelas indústrias de móveis, construção civil, embalagens e celulose, entre outras.

O uso do cavaco de eucalipto é recomendado por ser sustentável, já que a árvore – em florestas plantadas – sequestra dióxido de carbono (CO2) da atmosfera durante todo seu ciclo de vida, de sete anos. Segundo um estudo realizado pelo curso de Engenharia Florestal do Instituo de Ciências Agrárias (ICA) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), as florestas de eucalipto plantadas nas regiões dos vales do Jequitinhonha e do São Francisco, que abastecem o mercado madeireiro nacional e internacional, são responsáveis por sequestrar 187 toneladas de CO2, causando um impacto positivo no ambiente já que o gás é um dos causadores do efeito estufa. Esse ciclo neutraliza os efeitos da queima.

Na Paraná Wood Indústria Madeireira (PWIM), toda madeira não adequada para uso de embalagens, paletes e madeira seca é triturada para formar os cavacos. Restos dos troncos, como serragem, cascas, galhos e folhas são utilizadas no que a empresa denomina apenas de biomassa, mas que outras chamam de briquetes, quando prensados. Tanto o cavaco como a biomassa da PWIM são excelentes opções de energia, pelo alto poder calorífico e baixo custo.  A madeireira produz, em média, 6 mil toneladas/mês de cavaco e biomassa.

Segundo o gerente da PWIM, Douglas Mendes, entre os clientes da empresa estão diversas indústrias da região de Londrina – como Café Iguaçu, Incopa, Império da Energia, Cocamar e Grano Sul, entre outras – que buscam sustentabilidade e baixo custo em seus processos.  “O uso do cavaco como combustível de caldeiras torna as empresas mais competitivas, porque reduz os custos com energia elétrica, que está altíssima. Além disso, a emissão de CO2 durante o processo de fabricação também cai, o que melhora o posicionamento da marca junto aos consumidores que valorizam ações de menor impacto ambiental”, explica. E isso não é um fenômeno local. Grandes marcas nacionais como a Malwee e o Grupo Heineken fizeram a migração de matriz energética de suas fábricas para biomassa há anos. “Quando você põe na ponta do lápis, vê que é o melhor para a empresa. E ainda por cima, faz sua parte ao combater as mudanças climáticas”, afirma Mendes.

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Os paletes e sua importância para a economia brasileira

Embora muita gente não saiba o valor de um palete, ele é fundamental para a movimentação de cargas

A economia brasileira depende do transporte de cargas de uma região a outra do Brasil. Os grandes centros produtores – principalmente nos segmentos da indústria em geral, construção civil e agronegócio – distribuem seus produtos para todo o Brasil, basicamente por meio de caminhões. Só no primeiro semestre de 2021,  houve um aumento de 67% no transporte de cargas em relação a 2020, que já havia também registrado crescimento de 62% em relação ao período anterior, segundo um estudo da plataforma on-line de transportes de carga FreteBras.

Imagine o que seria desses carregamentos de cargas sem paletes?

Os paletes são plataformas de madeira que facilitam a movimentação, o transporte e a armazenagem dos produtos. Com eles, é possível transportar, de forma segura, cargas pesadas em quaisquer meios de transporte adequado. Na hora de descarregar, eles facilitam a movimentação da carga com carrinhos ou empilhadeiras manuais ou elétricas. Seu formato permite uma armazenagem correta dos produtos em locais adequados.

Os paletes de madeira são os mais utilizados, principalmente por serem ecologicamente corretos – já que são produzidos a partir de matéria-prima vinda de florestas certificadas, de baixo custo e que, em caso de quebra, podem ser facilmente reparados. A madeira usada é, principalmente, o eucalipto por ser mais resistente ao apodrecimento, com baixa tendência ao rachamento e resistente ao ataque de cupins. Eles são entendidos como ferramentas da logística e movimentação de materiais de vários segmentos industriais.

Segundo Douglas Mendes, gerente-geral da Paraná Wood Indústria Madeireira – que comporta uma fábrica de paletes em suas instalações, em São Jerônimo da Serra (PR) -, o amplo uso dos paletes de madeira está aumentando em vários setores porque são uma solução versátil. “Além do baixo custo, comparado com outros materiais, eles podem ser reciclados para outros usos, depois que sua vida útil para o setor de cargas expira, em média com três anos de uso”, diz.

A fábrica da Paraná Wood confecciona cerca de 25 mil paletes ao mês, em diversos modelos – standart (medidas: 38,5 KG – 100 cmX120cmX13mm, com capacidade dinâmica de 1.000 a 1.200 KG e capacidade estática de 2.000 a 2.200 KG); one way (Medidas: 30 KG – 100 cmX120cmX13mm, com capacidade dinâmica de 600 a 800 KG e capacidade estática: de 1.200 a 1.600 KG) e longarina (Medidas: 20 KG – 110 cmX110cmX10mm, com capacidade dinâmica  de 200 a 500 KG e capacidade estática de 800 a 1.000 KG). “Porém, se o cliente necessitar de paletes com medidas especificas, nós também produzimos de acordo com as especificações”, explica Mendes.

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2022, um ano com boas expectativas para o setor madeireiro/florestal

Investimentos e aquecimento do mercado devem se manter no próximo ano

O ano de 2021 foi de muito crescimento para a cadeia da madeira no Paraná. Tanto as indústrias quanto as florestas tiveram uma boa rentabilidade, puxada pela grande demanda internacional. “Desde o segundo semestre de 2020, o mercado externo veio buscar no Brasil a madeira que precisava. Em todo 2021, tivemos os mercado muito aquecido pela procura externa. Consequentemente, isso puxou a área florestal também, aumentando a produtividade na floresta, no volume de corte, nos investimentos feitos”, afirma o presidente da Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal (ApreFlorestas), Álvaro Scheffer Junior. Segundo Scheffer, o dólar alto ajudou o mercado paranaense, porque proporcionou a ida das empresas florestais para o mercado externo. “Isso foi um chamariz a mais. Com o aumento de produtividade, o dólar subindo melhora o resultado das empresas no país”, aponta.

De acordo com dados da Apre Florestas, o Paraná possui cerca de 6.100 empresas do setor florestal e as empresas de celulose paranaenses representam 29% de participação no segmento do país. Para 2022, a expectativa é que o Estado mantenha um aumento no volume de madeira, com plantas industriais e florestais novas. “Tanto o industrial quanto o florestal fizeram investimentos, nos últimos dois anos, para dar conta desse aumento na procura externa. “E isso vai dar start em 2022, quando os maquinários industriais e do campo forem entregues”, diz o presidente da Apre. Segundo ele, a perspectiva é que o mercado se manterá no mesmo volume de compra. “No entanto, acredito que o preço terá uma retraída porque a oferta será maior. Isso faz reduzir um pouco o preço. Mas acho que será pouca coisa. Acredito que o mercado conseguirá se manter em bons patamares”, explica.

Sobre o setor floresta. Scheffer diz que, em 2021, houve crescimento significativo de novas florestas, justamente pelo aquecimento no mercado. “O pessoal acabou vendo que hoje há uma certa falta do produto tora no mercado. Então isso incentivou os produtores aumentarem suas áreas de plantio. Principalmente entre os pequenos produtores, até mesmo os que estavam parados, voltaram a plantar floresta. A gente percebe isso na disponibilidade de muda, faltou muda”, aponta.

Mesmo o aumento de área de plantio de soja não afetou significativamente as áreas florestais. “O que houve foi uma migração de áreas. As áreas que tinham aptidão agrícola tiveram as florestas retiradas e foram plantados grãos. Mas isso é uma consequência natural, você não pega uma área com aptidão para produzir alimento e coloca floresta. Essa área tem que estar produzindo alimento. A floresta migrou para espaços onde não há capacidade de ter cultivo de grãos, que seriam as áreas de relevo mais acidentado. Os pequenos, principalmente, estão fazendo isso: transformaram as áreas com aptidão, porém, nas marginais, onde não consegue fazer produção de grãos, o pessoal voltou a plantar floresta. Coisa que não se via há quatro anos. Só víamos perda de área florestal”, afirma.

Grupo Paraná Wood também cresceu

Para o Grupo Paraná Wood (GPW), que tem duas atividades no setor de madeira – Paraná Wood Florestal (PWF) e Paraná Wood Indústria Madeireira (PWIM) -, 2021 também foi excepcional. Segundo o proprietário do GPW, João Luiz Garcia de Faria, foi “um ano de oportunidades e de boas oportunidades para entrar num mercado que não tínhamos acesso, foi muito produtivo”. “Tanto para a floresta quanto para a indústria, os preços melhoram e houve um avanço muito grande”, afirma.

O grupo fez investimentos pesados em ambas as empresas. Na Paraná Wood Florestal foram adquiridos uma Máquina Base Komatsu PC200 e um cabeçote hidráulico Wharatah para o corte e processamento das toras de eucalipto. A peça é importada e deve chegar em breve. O cabeçote faz a colheita do eucalipto e corta as toras em tamanhos específicos. O equipamento completo terá capacidade para corte de árvores de até quatro toneladas e 50 cm de diâmetro. Com eles, a colheita poderá ser feita em dois turnos, em torno de 200 toneladas/turno. Além disso, a mecanização também permitirá que a PWF se torne apta a certificações internacionais.

Já na Paraná Wood Indústria Madeireira, os investimentos realizados permitiram que a empresa entrasse no ramo de embalagens, com a instalação de uma fábrica própria para paletes. “Isso fez com que o faturamento aumentasse bastante, em torno de 40% do início do ano até agora, com aumento também na margem de lucro”, explica Faria. Em 2022, segundo ele, a palavra-chave é crescimento. “Nós já temos o objetivo de ampliar a fábrica de embalagens e continuar crescendo, os investimentos não vão parar”, afirma.

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Produtos em madeira de eucalipto são resistentes e de alta durabilidade

Paraná Wood Indústria Madeireira está adaptada para atender quaisquer especificações de empresas

O eucalipto – de origem australiana – foi introduzido no Brasil por volta de 1900, para suprir uma necessidade crescente de lenha. A partir dos anos de 1950, com o avanço nos estudos sobre a madeira, o eucalipto começou a ser utilizado também para outros fins já que fornece uma madeira de alta densidade, resistente e alta durabilidade. Móveis, construção civil, celulose e biomassa estão entre seus usos, assim como embalagens e geração de energia.

A Paraná Wood Indústria Madeireira (PWIM) trabalha exclusivamente com madeira de eucalipto – da variedade genética Eucalyptus urograndis, produzida em 1.460 hectares de florestas próprias e com certificação FSC – em seus produtos, que atualmente estão voltados principalmente para área de embalagens, indústria moveleira, transporte e geração de energia.  Entre seus clientes, estão duas das maiores empresas de embalagens do Brasil,  Embalatec e Ripack, que atestam a qualidade dos produtos. Os produtos são madeira seca, madeira para embalagens, paletes, expositores, cavaco e biomassa.

A madeira seca é voltada para a indústria moveleira. Segundo o gerente comercial da PWIM, Douglas Mendes, a madeireira está adaptada para atender qualquer especificação de tamanho de corte solicitado pelo cliente. “Ele nos passa a especificação que precisa e nós produzimos”, diz. O princípio segue o mesmo na madeira para embalagens, expositores e paletes. “Em parceria com o cliente, a gente projeta os cortes específicos, os tamanhos que precisam, para garantir resistência, qualidade e acondicionamento”, diz.

O cavaco e a biomassa completam a relação de produtos da PWIM. Eles são indicados para substituir o uso de energias não renováveis – petróleo, carvão mineral e gás natural – em indústrias, siderúrgicas, granjas ou propriedades rurais porque não agridem o ambiente e são econômicos, já que é uma energia mais barata, tanto por tonelada quanto por unidade de calor. O cavaco de eucalipto, formado por pedaços de madeira derivados dos produtos da serraria e que passa por processo de secagem, é uma das melhores opções pelo alto poder calorífico e baixo custo. A biomassa, formada por galhos, folhas e cascas de eucalipto que não são utilizados nas serrarias e são trituradas, tem um bom grau de queima e produto é ideal para alimentar grandes caldeiras, que demandam grande quantidade de material na geração de energia.

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São Jerônimo da Serra planeja desenvolvimento com turismo

Prefeitura busca parceiros para investimentos em infraestrutura

O turismo é uma das formas mais sustentáveis de gerar empregos, renda e qualidade de vida para as cidades brasileiras. Os números impressionam: mais de 7 milhões de empregos e cerca de 8% do PIB nacional vêm do turismo no Brasil, segundo dados do IBGE. No Paraná, as atividades turísticas tiveram uma expansão de 5,4% em agosto deste ano, o segundo melhor desempenho do País, atrás apenas de Goiás (8,8%). No geral, o volume de serviços, que agrega as atividades turísticas, cresceu 1% no Paraná em agosto, à frente da média nacional (0,5%). É a sexta evolução mensal consecutiva, com crescimento desde fevereiro, reforçando os índices de expansão da economia local. Todo mundo ganha com um turismo bem estruturado: setores de passeios, hospedagem em geral, bares, restaurantes e comércio se beneficiam grandemente com o fluxo de turistas que buscam locais bonitos e bem cuidados para sua viagem de férias ou finais de semana.

São Jerônimo da Serra, com suas inúmeras cachoeiras, cavernas, rios, morros, reservas indígenas e paisagens espetaculares, tem tudo para agradar qualquer tipo de turista – seja ele de aventura, familiar ou da melhor idade. Mas a atividade turística está apenas começando ali. O município vizinho, Sapopema, serve de parâmetro para o secretário municipal de Turismo e Meio Ambiente de São Jerônimo da Serra, Rafael Batista. “Em 2018, Sapopema tinha seis locais para hospedagem. Hoje, são mais de 20. A cidade recebe de 400 a 600 pessoas por final de semana. São Jerônimo pode se tornar uma rota turística importante, porque tem muito mais atrativos, mas precisamos estruturá-la para receber os turistas”, diz.

Desde que assumiu a secretaria, Batista vem conversando com proprietários de sítios e fazendas que dispõe de um ou mais atrativos, catalogando-os, avaliando estruturas e incentivando a formação de associações para que possam receber financiamento público. “Reativamos o Conselho Municipal de Turismo, que estava inativo desde 2009, e agora estamos conversando com as reservas indígenas, Ministério Público Federal e Funai para que as aldeias se organizem também com conselhos de turismo internos, para que possamos incluí-las nas rotas, gerando renda para elas. Temos que fazer tudo de forma legal”, explica. Com o lema “Cultura, Sabor e Aventura” para o turismo na cidade, o secretário quer incentivar a divulgação da cultura indígena a partir das duas reservas do Município, a Barão de Antonina e a São Jerônimo. “Com os conselhos e associações, podemos conseguir dinheiro com o Ministério do Turismo, direcionar para eles para que invistam em reformas, compras de material, essas coisas”, explica.

O principal desafio, no momento, é conseguir montar uma infraestrutura nos locais, principalmente cachoeiras, que permita o acesso com segurança para, aí sim, aumentar a divulgação do município. “É preciso investir em sinalização, escadas, corrimões, lixeiras ecológicas, enfim, uma estrutura que permita acessibilidade com segurança. Que a melhor idade possa também visitar. No entanto, a maioria dos pontos turísticos estão localizados em propriedades particulares e o Município é proibido de investir dinheiro público em áreas particulares”, diz. A solução encontrada, segundo ele, é buscar patrocinadores para as estruturas. “Estamos procurando empresas da região para isso, a ideia é que invistam nas áreas e divulguem suas marcas nos locais com placas. Nós colocamos as empresas em contato com os proprietários”, explica.

Sítio Nossa Senhora, no distrito de Terra Nova, São Jerônimo da Serra – Foto: Instagram @visitesaojeronimodaserra

Segundo Batista, a próxima atividade é um curso de formação de condutores, que vai atender 40 jovens da cidade. “Vamos capacitá-los para atender os turistas, levá-los aos locais e até, se for preciso, ajudar no resgate”, diz. A formação profissional e geração de renda aliando o respeito e preservação da natureza, principalmente entre os jovens, é um dos objetivos do projeto de desenvolvimento do turismo na região. “A maioria vai embora, buscando trabalho. Mas queremos eles aqui, pensando em montar um quiosque de lanches, um pesque-pague, algo que lhes dê subsistência”, afirma.

A ideia de melhorar e promover o turismo em São Jerônimo já está mexendo com a comunidade. “Sempre tem aquele que espera para ver se o fluxo de pessoas vai aumentar. Mas já temos gente se movimentando, fazendo empréstimos para investir. No Distrito de Terra Nova, uma casa que estava abandonada já foi transformada em pousada, já temos algumas outras no Distrito de São João do Pinhal, e também áreas de camping estão sendo estruturadas, com banheiros e infraestrutura básica”, afirma. Para a cidade em geral isso é interessante. “Não queremos que o turista venha apenas passar o dia. Queremos que ele venha e durma aqui. Se ele dorme aqui, ele come. Se ele come, todo o comércio e a cidade ganham”, afirma.

Foto: Instagram @visitesaojeronimodaserra

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Profissionalização na safra: planejamento e organização para evitar desperdícios e gerar lucros

Grupo Paraná Wood contratou consultoria agronômica para orientações técnicas baseadas em pesquisas aplicadas

Buscar ajuda de assistência técnica para profissionalizar a produção agrícola é uma prática que a maioria dos agricultores costuma fazer. A assistência técnica pode dar orientações e direcionamentos para que as safras tenham alta produtividade e performance, com uma rentabilidade maior no bolso do produtor. Mas, às vezes, as assistências são atreladas a marcas de insumos e sementes, o que nem sempre correspondem ao melhor resultado para a área cultivável. Pensando nisso, o Grupo Paraná Wood (GPW), fechou contrato com a Helpen Consultoria Agronômica, uma assistência técnica “diferente”. O trabalho da Helpen que, embora pertença a Cooperativa Castrolanda, atende também não cooperados, chamou atenção do GPW por eficiência nos resultados e pelo convênio com a Fundação ABC, uma instituição sem fins lucrativos, que faz pesquisa aplicada para desenvolver e adaptar novas tecnologias, com o objetivo de promover soluções tecnológicas para o agronegócio.

“Nós somos um serviço de consultoria totalmente desvinculado da área comercial da cooperativa. Nossos agrônomos não são obrigados a recomendar esse ou aquele produto. Com o apoio e suporte da pesquisa da Fundação ABC, que valida apenas os melhores produtos – independente de marca -, nosso objetivo é levar o melhor custo-benefício para o produtor, para ele ter a maior rentabilidade”, explica o coordenador da Helpen, Rudinei Borgoni. Segundo ele, isso gera economia para o produtor, que estará utilizando os melhores produtos, independente de bandeira, com os melhores resultados.

“O grande diferencial da Helpen, além desse conhecimento de pesquisas, é estarmos juntos com o produtor lá no campo, toda semana impreterivelmente, fazendo todo o processo de calibração de máquinas, regulagem de equipamento, aplicação de corretivos e fertilizantes. Na hora do plantio, nossos técnicos dão apoio, nas plantadeiras, na semeadura, para regulagem certa. Estão lá no campo vendo qual o melhor timing, qual a condição ambiente para melhor aplicação de um defensivo, por exemplo. E na colheita, estão lá, definindo junto com o produtor a hora de entrada para colheita, todo processo de regulagem também das colheitadeiras para ter a mínima perda possível”, afirma.

Segundo o agrônomo da Helpen que acompanha a Paraná Wood Agrícola nesta safra de soja, Jackson Franchesco Lima Bomfin, este foi um ano desafiador para o produtor, por causa do cenário crítico na aquisição de insumos com a alta do dólar. “Por isso, precisamos organizar e otimizar o cultivo para que a rentabilidade não se perca”, diz.

Na Paraná Wood Agrícola, o primeiro passo do trabalho foi conhecer o histórico de cultivo de cada área das fazendas, a parte operacional e procurar entender cada departamento e a organização dos trabalhos. “Tivemos uma conversa com toda a parte operacional para conhecer cada um deles, levamos isso muito a sério, principalmente pela valorização de pessoas. Fizemos avaliação da fertilidade do solo e questões fitossanitárias, os manejos que vinham sendo realizados nos últimos anos e procuramos entender um pouco da realidade empresa como um todo, o nível de investimento e quais seriam os desafios. Assim fomos construindo um entendimento de como poderíamos fazer um trabalho que trouxesse os melhores resultados, com metas a serem alcançadas”, explica.

Junto aos gestores do GPW, a Helpen passou a fazer um trabalho de planejamento, o mais ordenado possível. “O nível de organização da empresa, que já era bem alto, ficou maior. Além disso, criamos um grupo de trabalho pelo Whatsapp, com os líderes e até quem executa a parte operacional, para que todos saibam o que está acontecendo. Com isso, nós teremos todas as demandas da safra nesse grupo, além das reuniões que temos semanal e presencialmente. Uma de nossas principais metas é a difusão de informações e ter essa facilidade de acesso, para não haver decisões precipitadas”, afirma o agrônomo.

Um dos primeiros passos da consultoria nas fazendas da Paraná Wood Agrícola foi ordenar cada talhão de cultivo, que receberam nomes, para serem tratados de formas diferentes. “Nós entendemos que cada área se distingue uma da outra. Podemos ter, numa mesma fazenda, 10 áreas de cultivo, mas nenhuma será igual à outra. Através de cada zona de cultivo, nós colocamos determinada soja que se comportasse da melhor forma, de acordo com a fertilidade daquela área, que também foi estruturada. Tem que investir conforme seu retorno, o que áreas consigam entregar”, afirma.

Segundo o gerente geral do GPW, Douglas Mendes, grupo contratou a Helpen porque gostou do sistema de trabalho, de informações com transparência, com planejamento técnico baseado em pesquisas e não bandeiras. “Esse nível de avaliação incrementa a produção, um trabalho cada vez mais focado, profissionalizado, uma orientação técnica que vai evoluir nosso processo da agricultura”, diz. De acordo com Mendes, o GPW, que tem um sistema informatizado que controla tudo – desde cada litro de diesel usado, cada insumo aplicado, cada funcionário trabalhando no talhão e a logística das máquinas no campo para otimizar o uso -, se identificou com a consultoria. “O agricultor tem lucro naquilo que economiza. Por isso, precisa ter controle de tudo, fazer o planejamento integrado com a gestão, para não ter gastos a mais”, afirma.

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Seca atrapalha início de plantio, mas ainda não preocupa

Deral estima que apenas 7% da área total já foi semeado

A época do plantio de soja já começou, mas a falta de chuvas está atrapalhando o início da semeadura em boa parte do Paraná. Segundo o economista do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Estado de Agricultura e Abastecimento (Seab), Marcelo Garrido, até o dia 28 de setembro, foram semeadas 7% (400 mil hectares) da área estimada de plantio no Estado. “No mesmo período do ano passado, aproximadamente 3% da área tinha sido semeada (154 mil hectares). Importante ressaltar que, em 2020, o Paraná também foi afetado por um clima seco que prejudicou o plantio no início do ciclo”, explica. O Paraná tem uma estimativa de produzir, nesta safra, aproximadamente 21 milhões de toneladas de soja

Segundo Garrido, ainda não há preocupação com atrasos no plantio. “Os produtores paranaenses acompanham com atenção a situação climática, visto que no ano passado já foram prejudicados pelo clima seco. Mas ainda é muito cedo para se falar em algum reflexo com relação a produção de milho safrinha, já que estamos ainda nos primeiros dias dos trabalhos de semeadura”, afirma.  A perspectiva é que o fenômeno La Niña, com intensidade moderada, deve influenciar primavera e verão brasileiros. Isso traz, para a região Sul, características como redução e irregularidades de chuvas. “Se isso ocorrer com uma intensidade maior, podemos ter algum tipo de reflexo na produtividade das culturas de verão”, diz.

De acordo com ele, o ciclo está apenas no início e ainda não é o momento de preocupação. “A Secretaria de Agricultura acompanha com atenção a situação. Caso haja necessidade, a SEAB irá entrar em contato com os demais órgãos que acompanham o setor e estudará as medidas pertinentes, para ajudar os produtores”, afirma.

A Paraná Wood Agrícola ainda não começou a semeadura. Segundo o gerente Douglas Mendes, a empresa optou por esperar a chuva para não haver problemas posteriores. “Por enquanto, estamos apenas fazendo testes de máquinas e regulando. Só devemos começar mesmo após a próxima chuva”, diz. Para esta safra, a empresa vai contar com uma área total de 871 hectares próprios, 16,67% a mais de área que a anterior.

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Ativos florestais: investimentos seguros com tendência de grande rentabilidade

Demanda mundial crescente por produtos gerados em florestas cultivadas garantem rendimentos reais e com menor volatilidade nas oscilações de mercado

A diversificação é uma das maneiras mais recomendadas para quem quer investir.  Ter um portfólio de investimentos variado garante rendimentos maiores e mais segurança. Por isso, quem pensa em investir precisa conhecer os ativos florestais, uma das modalidades de investimentos com menor volatilidade do mercado e rendimentos reais.

Os ativos florestais são áreas de terras com plantios de florestas comerciais, para atender diversos fins industriais como papel, celulose, lenha, energia, móveis, construção civil, ingredientes para produtos farmacêuticos, químicos e alimentícios, entre outros. O crescimento do consumo de produtos florestais aumenta a cada dia e mais florestas cultivadas – principalmente pinus e eucaliptos – são necessárias para suprir a demanda. Isso garante que sempre haverá renda na área. Para investir, a ideia é simples: o interessado adquire títulos, cujos valores serão aplicados no plantio de florestas. Quando as árvores plantadas chegarem ao ponto de corte, a madeira é vendida e o investidor recebe sua participação nos lucros.

Segundo o diretor geral da CF Wood Brasil, Eudes Moreira, que tem 25 anos de experiência no setor florestal, hoje, as  indústrias de papel e celulose são os maiores proprietários de ativos florestais no Brasil, pois precisam ter segurança no abastecimento de suas plantas, devido ao ciclos de cada espécie, que variam de sete anos (eucalipto) a 15 a 20 anos (pinus). “No Brasil, os primeiros investimentos em ativos florestais começaram acontecer no final da década de 1990, com a expansão das indústrias e maior demanda por matéria-prima para atender as fábricas. Para atender o volume de madeira, algumas desenvolveram modelos de fomentos, parcerias com produtores locais, mas devido a rentabilidade obtida não foi o suficiente atrair parceiros para atender as ampliações das plantas industriais. Isso proporcionou a atração de investidores de outros países, com custo financeiro menor e com maior escala de investimentos”, explica.

Segundo Moreira, atualmente, com a crescente demanda por madeira de florestas plantadas e redução das bases florestais das indústrias, para reduzir endividamento e ampliar investimentos nas fábricas, têm-se optado por vender parte dos ativos florestais próprios para fundos de investimentos nacionais e internacionais.  “A rentabilidade desses ativos florestais tem variado entre 7% (sete) a 10% (dez) por cento ao ano”, diz.

O especialista explica que os investimentos em ativos florestais estão diretamente ligados a economia real e não guardam relação com Bolsa de Valores, renda fixa ou câmbio, o que gera menos instabilidade. “A rentabilidade ocorre pelo crescimento em volume de madeira comercial. O crescimento da população mundial e aumento do consumo de madeira ou derivados contribuirão para melhorar ainda mais a rentabilidade dos ativos florestais”, afirma. Além disso, segundo ele, também é uma forma de investimento que possui flexibilidade em caso de crises mundiais que reduzam o consumo. “É possível prolongar o ciclo sem ocasionar perdas do capital investido, mesmo com redução do incremento da floresta. Isso não causará impacto que reduza em grande proporção a rentabilidade. Os ativos florestais também não oscilam conforme as ações listadas em bolsas de valores, desta forma o risco de uma desvalorização do capital investido é inexistente”, garante. 

Moreira explica que, atualmente, a rentabilidade dos ativos florestais no Brasil já está acima da taxa de juros SELIC, fundos CDI e títulos do governo brasileiro. “Nos Estados Unidos, onde fazem este tipo de investimento desde a década de 1980, os ativos florestais proporcionam rentabilidade histórica com retornos superiores aos títulos do governo americano”, aponta.

A sustentabilidade que as florestas cultivadas promovem também é um grande atrativo neste tipo de investimento. “Os investidores buscam opções com maiores oportunidades de escala, rentabilidade e segurança, desta forma a sustentabilidade é de extrema importância. Além disso, os investidores e indústrias tem optado por ativos florestais que possuam certificações florestais, por órgãos competentes que possuam credibilidade internacional”, diz Eudes Moreira.

Já o investimento depende do perfil do investidor, pois os valores mínimos estabelecidos para captação de recursos são atrativos para grandes investidores que estão diversificando suas aplicações no médio ou longo prazo. “Mas, com o aumento da confiança de investidores nesse setor, devido a rentabilidade e segurança, a tendência é a abertura de novos projetos por fundos com valores menores, levando em consideração o prazo para retorno do investimento, em torno de 10 anos”, diz. Hoje, para os fundos mais conceituados e com maior valor de carteira, o investimento mínimo é de R$ 1 milhão. “Há outros, com valor mínimo de R$ 10 milhões, mas existem fundos menores com valores de aportes com mínimos de R$ 100 mil. Variam conforme as premissas e prazos estabelecidas por cada fundo”, esclarece.

Segundo ele, para quem está interessado em conhecer mais as possibilidades, a recomendação é entrar em contato com os agentes financeiros dos fundos de investimentos, verificar se estão realizando captação de recursos para novos projetos, avaliar o valor mínimo de investimento, prazo para retorno e rentabilidade e se atendem as expectativas e perfil do investidor. “Os fundos internos e externos que administram maiores volumes de ativos florestais normalmente possuem em sua carteira investimentos de fundos de pensão, desta forma é necessário a regularização na Comissão de Valores Mobiliários (CVM)”, aponta.

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GPW se prepara para nova safra de soja

Com investimentos próprios, grupo ampliou em mais de 16% a área de plantio

Com boas perspectivas de renumeração para a safra 2021/2022 de grãos – que deve ter ajuda de um La Niña fraco, segundo as previsões até o momento –, os produtores de soja já estão contando os dias para começar o plantio. O Grupo Paraná Wood (GPW) está com praticamente tudo planejado e preparado para dar o início da nova safra, o que deve acontecer a partir do dia 15 de setembro. No momento, ainda durante a janela sanitária, as máquinas estão ocupadas dessecando a cobertura e abrindo 145 novos hectares para o plantio da semente. Para esta safra, a Paraná Wood Agrícola vai contar com uma área total de 871 hectares próprios, 16,67% a mais de área que a última safra.

Segundo o proprietário do GPW, João Luiz Garcia de Faria, a expectativa é que a produção seja excelente nas fazendas do grupo. “Acredito que o clima vai ajudar muito. Como houve essa geada, acho que vai ter muito menos pragas”, diz. Segundo ele, GPW fez um calendário bem ajustado e pontual, o que deve fazer a produtividade bastante este ano. “Já no cenário nacional, não prevejo um aumento muito grande no preço da saca, deve haver um equilíbrio entre o custo e a produção. Então só vai ter lucro quem buscar aumento de produtividade e baixar custos. É o que fazemos aqui, utilizando as melhores técnicas”, afirma.

Segundo o gerente geral do GPW, Douglas Mendes, serão utilizados cerca de 40 mil quilos de sementes no total da área e a expectativa é um aumento na produção, por hectare, de mais de 15% em relação a última safra, quando foi colhido em média 50 sacas. “Aquele foi o primeiro ano de plantio da maioria das áreas, tivemos que ‘arrumá-las’,  o resultado foi o dentro do esperado. Nesta próxima safra, nossas expectativas são maiores, em torno de 67 sacas por hectare”, aponta.

De acordo com o gerente, o plantio da soja no início do período vai depender do clima. Mas a ideia, segundo ele, é plantar o mais cedo possível para fazer a safrinha. “Está tudo certo e pronto. O clima, infelizmente não depende da gente. Mesmo as melhores previsões não conseguem ter acerto 100%. No entanto, a gente usa as janelas climáticas e conta com Deus para nos ajudar”, diz.

Faria diz que, apesar do maior foco do GPW ser floresta – com cerca de 1.500 hectares de florestas próprias -, a ampliação da área de plantio de soja foi pensada para aproveitar oportunidades que surgiram. “Nós não podemos ser cegos para a soja. A soja e o milho vêm integrar nossa parte da pecuária de engorda. Então, é uma complementação do ciclo. Como tivemos a oportunidade de adquirir novas terras, novo maquinário, deu para crescer, a gente cresceu”, explica. Segundo ele, a triangulação da agricultura, pecuária e floresta faz com que os processos sejam integrados e “não mantemos todos os ovos na mesma cesta”. “Isso permite uma melhor rentabilidade porque, como são todas commodities, às vezes uma está melhor que a outra. Assim, a que estiver melhor, dá sustentabilidade ao que estiver menos desenvolvido”, afirma.

Essa visão de integração entre produção vem mudando o cenário da região de São Jerônimo da Serra. Hoje, pelo fato do grupo ser o maior empregador da cidade e ter bons resultados em tudo que se propõe fazer, serve de exemplo para outros produtores. “Muitos produtores têm visto nosso sucesso comercial e procurado se espelhar nas técnicas e tecnologias desenvolvidas pela Paraná Wood. Isso é interessante para a região, porque traz um maior desenvolvimento para o Município e região, já que o dinheiro circula aqui, mesmo. Para nós, isso é muito satisfatório porque queremos ver nossa região crescer economicamente”, diz Faria.

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Crédito de Carbono: mercado tem futuro promissor, diz especialista

Embora os projetos ainda estejam voltados para grandes extensões de florestas, pequenos produtores devem prestar atenção no assunto

Quem produz florestas já deve ter ouvido sobre o mercado de créditos de carbono. No mundo das finanças, esses créditos são investimentos alternativos que podem ser feitos por empresas com objetivo de mitigar sua própria emissão de gases de efeito estufa (GEE). Um crédito de carbono é a representação de uma tonelada de carbono que deixou de ser emitida para a atmosfera, contribuindo para a diminuição do efeito estufa e mudança climática. Seria uma espécie de investimento financeiro para que produtores de florestas – nativas ou plantadas – continuassem a fazer o seu trabalho. No caso de florestas plantadas, seria um rendimento a mais. Mas será que isso está funcionando e pode beneficiar pequenos e médios produtores? O Grupo Paraná Wood conversou com o engenheiro florestal, advogado, mestre em economia e política florestal Marcelo Schmid, consultor do grupo Index, sobre isso.

Ele explica que a questão do crédito de carbono surgiu um pouco antes da virada do milênio, com muita força e trazendo bastante esperança, dentro do Protocolo de Kyoto. “Foi a partir da constatação de que o homem interfere no clima do planeta, que a intervenção do homem torna o aquecimento global pior, que decidiu-se por mecanismos de incentivo que remunerasse pela manutenção e plantio de florestas”, diz. Porém, segundo ele, depois de alguns anos, o mecanismo criado para gerar crédito de carbono não foi renovado. “Depois veio o Acordo de Paris e mesmo assim, até hoje, o mercado não tem um mecanismo formal, regulamentado e aplicável de uma forma ampla para geração de crédito de carbono”, explica.

O especialista explica que foi  criado um mercado oficial, regulado pela ONU, com o protocolo de Kyoto, mas várias instituições criaram seus próprios padrões de geração de crédito de carbono, e isso desenvolveu um mercado, chamado de “voluntário”, onde não é preciso a chancela da ONU para participar, já que o acordo é feito entre as partes. “Isso nasceu de uma forma incipiente, foi crescendo com os anos. Mas ali perto de 2015, atravessou uma crise econômica mundial e todo mundo parou de fazer crédito de carbono. Vamos pensar primeiro nas finanças, disseram”, conta. Ele explica que o Grupo Index trabalhava muito com esse mercado e praticamente teve que parar. “De dois a três anos para cá, isso voltou com muita força, talvez porque estamos agora surfando no embalo nas políticas sócio ambientais e de governança (ESG, na sigla em inglês), que as empresas estão buscando. E uma das pautas das políticas ESG é realmente a questão climática. E, diferentemente lá do começo, quando o crédito de carbono florestal era cercado de dúvidas e desinteresse do mercado, agora é o mais procurado”, afirma.

Segundo Schmid, hoje, só há duas formas de reduzir emissão de carbono na atmosfera. “Uma delas é deixar de emitir. Eu tenho uma fábrica altamente emissora de gás de efeito estufa, troco a matriz energética para qualquer outra coisa que não seja danosa ao ambiente. A segunda forma é eu pegar aquele CO2 que está lá na atmosfera e tirar de lá. E a única forma viável de fazer isso é plantando árvores, no chamado sequestro de carbono”, diz.

De acordo com ele, a primeira categoria de projeto é muito mais fácil de medir. “Se eu tenho uma emissão causada por queima de combustível fóssil e deixo de queima-lo, consigo determinar quanto eu parei de emitir na atmosfera”, aponta. Já quando se fala de florestas, a medição ainda não é adequada. “Nesse caso, a gente tem seres vivos e, embora se tenha evoluído em monitoramento, ainda é cheia de variáveis. Existe a possibilidade da floresta pegar fogo, existe uma série de variáveis que lá no começo, tornaram esse crédito de carbono menos interessante. Só que hoje o crédito de carbono florestal entrega algo que aquele projeto industrial não tem, que é componente sócio ambiental muito forte. A gente está falando não só de redução de emissão, está falando de biodiversidade, de envolvimento de comunidades e a gente está falando de envolver pequenos, médios e grandes produtores dentro de um esforço global voltado para redução desse fenômeno chamado mudança do clima. Tudo isso o torna muito interessante, democrático e alinhado à várias outras diretrizes globais voltadas para a conservação do meio ambiente”, afirma.

No entanto, o mercado de crédito de carbono ainda não é viável para pequenas áreas, segundo Schmid, porque todos os custos do projeto são muito grandes, muito onerosos ao produtor. “Se eu sou um produtor com uma área de 50 hectares, vou ter que desenvolver um projeto, vou ter que chamar uma certificadora e tudo isso custa mais que a receita que essa área me daria em crédito de carbono. A ideia é que, daqui a algum tempo, possamos fazer projetos cooperativos, com a união de vários pequenos, para que se tenha escala suficiente para colocar no mercado”, explica. Hoje, diz, os projetos de carbono florestal que existem no Brasil são projetos de dezenas de milhares de hectares de florestas.  E isso faz a maioria investir na região Norte do País onde há áreas desse tamanho. “Mas é uma pauta extremamente urgente, que tem que ser resolvida nos próximos poucos anos, a participação de produtores florestais porque, efetivamente, os produtores estão mantendo uma quantidade de carbono fixado seja na floresta plantada, seja na floresta nativa e estão contribuindo para a questão ambiental”, afirma.

De acordo com Schmid, a Index está desenvolvendo uma plataforma, como uma forma de monitorar o ganho de carbono de diferentes propriedades, de qualquer tamanho, a partir de um hectare. “Queremos monitorar isso e criar uma forma, usando tecnologia e moedas digitais, para renumerar esse produtor. Eu não tenho dúvida que isso vai acontecer, mas depende de mercado, de vontade governamental e política, isso está mais devagar do que a gente gostaria. Mas a gente espera que o mercado seja muito grande no futuro, num horizonte de até cinco anos”, afirma. E aconselha aos produtores que prestem atenção e acompanhem o assunto. “O clima está sendo de novo discutido na ONU. A coisa está andando, devagarzinho, mas vamos chegar lá”, avisa.