Investimentos e aquecimento do mercado devem se manter no próximo ano
O ano de 2021 foi de muito crescimento para a cadeia da madeira no Paraná. Tanto as indústrias quanto as florestas tiveram uma boa rentabilidade, puxada pela grande demanda internacional. “Desde o segundo semestre de 2020, o mercado externo veio buscar no Brasil a madeira que precisava. Em todo 2021, tivemos os mercado muito aquecido pela procura externa. Consequentemente, isso puxou a área florestal também, aumentando a produtividade na floresta, no volume de corte, nos investimentos feitos”, afirma o presidente da Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal (ApreFlorestas), Álvaro Scheffer Junior. Segundo Scheffer, o dólar alto ajudou o mercado paranaense, porque proporcionou a ida das empresas florestais para o mercado externo. “Isso foi um chamariz a mais. Com o aumento de produtividade, o dólar subindo melhora o resultado das empresas no país”, aponta.
De acordo com dados da Apre Florestas, o Paraná possui cerca de 6.100 empresas do setor florestal e as empresas de celulose paranaenses representam 29% de participação no segmento do país. Para 2022, a expectativa é que o Estado mantenha um aumento no volume de madeira, com plantas industriais e florestais novas. “Tanto o industrial quanto o florestal fizeram investimentos, nos últimos dois anos, para dar conta desse aumento na procura externa. “E isso vai dar start em 2022, quando os maquinários industriais e do campo forem entregues”, diz o presidente da Apre. Segundo ele, a perspectiva é que o mercado se manterá no mesmo volume de compra. “No entanto, acredito que o preço terá uma retraída porque a oferta será maior. Isso faz reduzir um pouco o preço. Mas acho que será pouca coisa. Acredito que o mercado conseguirá se manter em bons patamares”, explica.
Sobre o setor floresta. Scheffer diz que, em 2021, houve crescimento significativo de novas florestas, justamente pelo aquecimento no mercado. “O pessoal acabou vendo que hoje há uma certa falta do produto tora no mercado. Então isso incentivou os produtores aumentarem suas áreas de plantio. Principalmente entre os pequenos produtores, até mesmo os que estavam parados, voltaram a plantar floresta. A gente percebe isso na disponibilidade de muda, faltou muda”, aponta.
Mesmo o aumento de área de plantio de soja não afetou significativamente as áreas florestais. “O que houve foi uma migração de áreas. As áreas que tinham aptidão agrícola tiveram as florestas retiradas e foram plantados grãos. Mas isso é uma consequência natural, você não pega uma área com aptidão para produzir alimento e coloca floresta. Essa área tem que estar produzindo alimento. A floresta migrou para espaços onde não há capacidade de ter cultivo de grãos, que seriam as áreas de relevo mais acidentado. Os pequenos, principalmente, estão fazendo isso: transformaram as áreas com aptidão, porém, nas marginais, onde não consegue fazer produção de grãos, o pessoal voltou a plantar floresta. Coisa que não se via há quatro anos. Só víamos perda de área florestal”, afirma.
Grupo Paraná Wood também cresceu
Para o Grupo Paraná Wood (GPW), que tem duas atividades no setor de madeira – Paraná Wood Florestal (PWF) e Paraná Wood Indústria Madeireira (PWIM) -, 2021 também foi excepcional. Segundo o proprietário do GPW, João Luiz Garcia de Faria, foi “um ano de oportunidades e de boas oportunidades para entrar num mercado que não tínhamos acesso, foi muito produtivo”. “Tanto para a floresta quanto para a indústria, os preços melhoram e houve um avanço muito grande”, afirma.
O grupo fez investimentos pesados em ambas as empresas. Na Paraná Wood Florestal foram adquiridos uma Máquina Base Komatsu PC200 e um cabeçote hidráulico Wharatah para o corte e processamento das toras de eucalipto. A peça é importada e deve chegar em breve. O cabeçote faz a colheita do eucalipto e corta as toras em tamanhos específicos. O equipamento completo terá capacidade para corte de árvores de até quatro toneladas e 50 cm de diâmetro. Com eles, a colheita poderá ser feita em dois turnos, em torno de 200 toneladas/turno. Além disso, a mecanização também permitirá que a PWF se torne apta a certificações internacionais.
Já na Paraná Wood Indústria Madeireira, os investimentos realizados permitiram que a empresa entrasse no ramo de embalagens, com a instalação de uma fábrica própria para paletes. “Isso fez com que o faturamento aumentasse bastante, em torno de 40% do início do ano até agora, com aumento também na margem de lucro”, explica Faria. Em 2022, segundo ele, a palavra-chave é crescimento. “Nós já temos o objetivo de ampliar a fábrica de embalagens e continuar crescendo, os investimentos não vão parar”, afirma.